sexta-feira, 21 de março de 2025

Nos tempos da Monareta - parte 1

 

            Em uma ensolarada manhã de sábado de janeiro de 1980, no meu aniversário de cinco anos, meu pai me chamou na frente da casa e disse que tinha uma surpresa. Corri pra lá e vi duas bicicletas no alto de um gramado, uma ao lado da outra e escoradas nos seus “pézinhos” (suporte para escorar a bicicleta).

Era uma Monark Sênior, aro 29, vermelha, e a outra era uma linda Monareta azul celeste novinha. Estavam de tal modo escoradas lado a lado, que parecia que seriam usadas por uma dupla de super-heróis dos quadrinhos. No nosso caso, a maior era para meu pai e a Monareta era meu presente.

Nem preciso dizer como fiquei feliz. Na mesma hora saí pedalando, meio cambaleante, pelo gramado de um campinho que tinha no pátio.

Engraçado como lembramos do passado. As vezes de tudo que aconteceu durante anos em nossa vida só lembramos de alguns momentos e o restante fica difícil lembrar. Mas daqueles anos da minha primeira infância, com certeza, esse dia ficou marcado. Acredito que nossa mente é seletiva e guarda as memórias mais importantes em um lugar de fácil acesso para quando queremos lembrar dos dias felizes.

Lembrar dos tempos da Monareta, para mim, é lembrar da época de guri. De quando esse mundão era algo a ser explorado. De um tempo que sair por aí pedalando era sinônimo de diversão, adrenalina, descobertas, enfim, sempre era uma nova aventura.

Desde os cinco anos, em quase todo lugar que eu ia, ia de Monareta. Seja para ir jogar bola, para ir na escola, na casa de um amigo, no mercado, para tomar banho de rio, pescar, trocar gibis, trabalhar e etc....

Sei que é comum as crianças ficarem felizes quando ganham uma bicicleta. Não é novidade falar sobre o assunto. Mas não é só isso. Gosto de lembrar da Monareta como um símbolo de uma época de nossas vidas.

Quem nasceu nos anos setenta já está chegando perto de meio século de história, como minhas filhas gostam de falar pra mim…. Vimos inúmeras mudanças no mundo, verdadeiras revoluções na tecnologia, nos valores sociais, na economia, na geopolítica e lembrar dos anos 80 e 90, de como o mundo funcionava é lembrar de onde viemos e de quem somos.

Esclarecendo, não sou daqueles que acredita que tudo no passado era melhor do que o agora. O mundo evoluiu em vários sentidos, apesar de não parecer. Mas acredito sim, que boas lições estão por todo o tempo. Nem tudo que é antigo é pior e nem tudo que é novo é melhor.

Lembrar dos tempos em que pedalava minha Monareta nos longínquos anos das aventuras da minha infância é comemorar nossa família, nossos amigos, nossa idade, enfim, comemorar quem somos. Simples assim.


Ivan Quoos

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