segunda-feira, 12 de maio de 2025

Nos tempos da Monareta - parte 2

Eu já tive empregos que hoje estão extintos...

Nos anos 90 trabalhei em um vídeo locadora. 

Lembro bem das pessoas buscando recomendações de filmes, de lançamentos, das listas de reserva, da movimentação nas sextas-feiras quando tinha as promoções de leve acima de três e traga só na segunda.

Nossas conversas eram sobre quais eram os melhores filmes, os lançamentos, as preferências dos clientes. 

Hoje tudo isso foi trocado por uma interação do público com a tela da TV, através dos streaming. O componente humano ficou desnecessário. 

E assim foram as transformações que surgiram nos últimos 50, 60 anos. Empregos foram extintos e tecnologias substituídas no intervalos de uma vida.

Eu já escutei música em disco de vinil, em fita K7, em CD, e agora a moda é pagar para escutar as músicas em plataformas. Nem ter elas em uma mídia individual se faz hoje em dia.

Outra da minhas funções na locadora era preparar os filmes das máquinas de fotografia para enviar ao laboratório de revelação. Hoje ninguém revela ou imprime mais as fotos, fica tudo na internet.

E as mudanças de tecnologia não trouxeram só coisas boas. Veio junto novos e perigosos desafios. A internet por exemplo está quase uma terra sem lei. Se no passado o problema era a falta de acesso a informação, hoje temos acesso, mas a informação é recheada de mentiras e de péssima qualidade.

Quando observo estas mudanças vejo que nossa geração teve muitos desafios. Mas também tivemos o privilégio de ver todas estas transformações no decorrer de uma vida, e ainda estamos por aí. 

Lembrando que nem sempre, só porque é novo, é melhor. Ou que, só porque é antigo, é pior.


Ivan Quoos

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Pensamentar 2: Rir, o melhor remédio.

 Ah, o bom humor....

O que seria de nós sem esse recurso pessoal de valioso poder para lidar com a transitoriedade da vida..

Como lidar com a dureza da vida, as contradições, as decepções e frustações sem um humor que nos leve a rir da nossa própria condição humana de seres falíveis, vulneráveis e fadados a morte.

Enfrentar a vida com um bom humor capaz de torná-la mais leve e fazer com que nos aceitemos melhor, mesmo com nossos defeitos é remédio para saúde da alma.

Isso torna a vida mais honesta e nos afasta de ilusões, ódios e frustrações.

No fundo sabemos que nada é permanente, nada dura para sempre, tanto as coisas boas como as ruins. E como lidar com esta instabilidade na vida sem honestidade pessoal e bom humor. O contrário é nos rendermos às ilusões.

Rir é uma forma de aceitar o quanto é ridículo certos problemas do dia a dia, rir é ir contra o medo de viver.

Deixemos de acreditar em ilusões e aceitemos a verdade sobre nossa natureza humana.

O bom humor nos leva a enfrentar a vida com mais coragem, pois mostra que nada é tão grave que nos impeça de nos divertir. 

Rir faz nos reconciliar com a nossa realidade e com nossa falibilidade.


Ivan Quoos



Música Se eu quiser falar com Deus no saxofone


 

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Pensamentar 1: Ler, o melhor exercício

 Sobre ler um livro.

As vezes me ponho a pensar...

Qual o sentido de ler um livro se algum tempo depois, muitas vezes, eu esqueça do que li?

Já li vários livros e com certeza não lembro de todos eles. Assim como não lembro de todos filmes que assisti. Como também de todos lugares que conheci. 

Parece, em um primeiro momento, um desperdício de tempo.

Só que não. Vamos pensar melhor.

Ao ler um livro estou exercitando a mente ao imaginar e pensar naquilo que leio. Estou exercitando o músculo cerebral, treinando o exercício de ler, de aprender. 

Naquele momento de leitura, aquele conhecimento está circulando em meus pensamento e, mesmo que algum tempo depois não recordo dele, ele já foi pensado e de alguma forma, já tenho, no mínimo, um base de conhecimento sobre aquele assunto ou experiência.

Quem lê, escreve melhor, raciocina melhor e lê melhor.

Quem lê, conhece culturas, lugares e pessoas de todos os cantos do planeta.

Quem lê, imagina, sonha e viaja por tudo o mundo.

Quem lê, torna sua mente mais preparada para lidar com vida.

Ao ler estou preparando minha mente com a base de conhecimento necessária para estar pronto para o conhecimento que realmente busco.

Ao ler posso sentir as emoções dos personagens, viver as experiências narradas e obter os aprendizados da história sem ter tido vivido nenhuma daquelas consequências.

Ao ler podemos acumular experiências, emoções, ideias, lembranças, enfim riquezas intelectuais e humanas.


Ivan Quoos.





sexta-feira, 11 de abril de 2025

Tocando saxofone - Música "Bem Que Se Quis".

Devaneios literários - parte 4

Já perceberam que os acontecimentos que nos causam mais sofrimento são aqueles que não aconteceram?

 Aqueles que não vivemos, que não experimentamos?

Os que nos causa mais dor não são as experiências ruins da nossa vida, mas são os sonhos não vivenciados, planos não executados, promessas não cumpridas.

A dor vem daquele amor que não foi enamorado, daquela viagem que não foi viajada, daquele curso que não foi cursado, daquela conversa que não foi conversada, daquela amizade que não foi amigável, daquela festa que não foi festejada, daquele livro que não foi lido, daquele filme que não foi assistido, daquela briga que não foi resolvida.

Sofremos porque projetamos que aquela experiência é importante mas, por algum motivo, não a experimentamos. 

Criamos a expectativa e não a esperamos, nem executamos.

Sofremos porque verificamos o que poderia ter sido e não foi.

Porque aproveitamos muito mal o tempo.

Quem sabe podemos ver as coisas diferentes.

Pensar menos no que poderia ser e viver mais o que pode ser. 

Quem sabe.


Ivan Quoos



quarta-feira, 9 de abril de 2025

Devaneios literários - parte 3

Quarta-feira, fim do expediente, me parece um bom momento da semana.

Mais do que o fim de semana, eu gosto da véspera do fim de semana, quando ainda nem começamos a aproveitá-lo mas já temos a real expectativa disso. 

Mas porque a quarta então? Bom, o melhor dia mesmo é o da expectativa do final de semana, que é a sexta, então na quinta já se entra no clima da expectativa da sexta, e no final do expediente de quarta é um pulo para a quinta -feira.

Brincadeiras a parte, estas expectativas são meio triste. Vivemos focados em expectativas de algo muito bom vai acontecer e passamos voando pelos bons acontecimentos do dia -a- dia.

Quem sabe podemos expectar menos da vida e experimentar mais. Quem sabe.


Ivan Quoos

terça-feira, 8 de abril de 2025

Devaneios literários - parte 2

Madrugada fria, com chuva, 

noite gelada, escura, 

e sem lua para lumiar.

 

Só o barulho da chuva no telhado, 

os pensamentos agitados
e solidão, com as pessoas fora de ação.

 

A rua ficou muda, 

foram todos para os ninhos,
ou foram para outro lugar, 

planeta, sistema solar,
e só eu fiquei acordado, existindo.

 

Meu pensamento voa, 

sem ninguém para calá-lo,
ou para se importar com o que falo.

 

As vezes, no silêncio da madrugada 

novas vozes são escutadas,
penso coisas que fiz, que não fiz, 

coisas que gostaria de fazer,
coisas que vi e que não vi, 

mas que tinha que conhecer,
ouço ideias sãs e malsãs,

ideias que não tive antes, 

percebo que, escutando a madrugada, 

ouço palavras que antes, nem sonhava.

 

Ivan Quoos 

quarta-feira, 26 de março de 2025

Devaneios literários

Estou pensando em escrever,

algo que valha a pena ler,

tentar escrever algo de útil,

ou menos fútil tentar ser,

deixo a os pensamentos voar, 

a intuição a guiar,

algum assunto abordar

e um bom texto criar,

mas então, eu me pergunto,

será que ainda tem assunto,

ideias novas ou interesse novo,

ou, só reprises com novos esboços.


Ivan Quoos

sexta-feira, 21 de março de 2025

Nos tempos da Monareta - parte 1

 

            Em uma ensolarada manhã de sábado de janeiro de 1980, no meu aniversário de cinco anos, meu pai me chamou na frente da casa e disse que tinha uma surpresa. Corri pra lá e vi duas bicicletas no alto de um gramado, uma ao lado da outra e escoradas nos seus “pézinhos” (suporte para escorar a bicicleta).

Era uma Monark Sênior, aro 29, vermelha, e a outra era uma linda Monareta azul celeste novinha. Estavam de tal modo escoradas lado a lado, que parecia que seriam usadas por uma dupla de super-heróis dos quadrinhos. No nosso caso, a maior era para meu pai e a Monareta era meu presente.

Nem preciso dizer como fiquei feliz. Na mesma hora saí pedalando, meio cambaleante, pelo gramado de um campinho que tinha no pátio.

Engraçado como lembramos do passado. As vezes de tudo que aconteceu durante anos em nossa vida só lembramos de alguns momentos e o restante fica difícil lembrar. Mas daqueles anos da minha primeira infância, com certeza, esse dia ficou marcado. Acredito que nossa mente é seletiva e guarda as memórias mais importantes em um lugar de fácil acesso para quando queremos lembrar dos dias felizes.

Lembrar dos tempos da Monareta, para mim, é lembrar da época de guri. De quando esse mundão era algo a ser explorado. De um tempo que sair por aí pedalando era sinônimo de diversão, adrenalina, descobertas, enfim, sempre era uma nova aventura.

Desde os cinco anos, em quase todo lugar que eu ia, ia de Monareta. Seja para ir jogar bola, para ir na escola, na casa de um amigo, no mercado, para tomar banho de rio, pescar, trocar gibis, trabalhar e etc....

Sei que é comum as crianças ficarem felizes quando ganham uma bicicleta. Não é novidade falar sobre o assunto. Mas não é só isso. Gosto de lembrar da Monareta como um símbolo de uma época de nossas vidas.

Quem nasceu nos anos setenta já está chegando perto de meio século de história, como minhas filhas gostam de falar pra mim…. Vimos inúmeras mudanças no mundo, verdadeiras revoluções na tecnologia, nos valores sociais, na economia, na geopolítica e lembrar dos anos 80 e 90, de como o mundo funcionava é lembrar de onde viemos e de quem somos.

Esclarecendo, não sou daqueles que acredita que tudo no passado era melhor do que o agora. O mundo evoluiu em vários sentidos, apesar de não parecer. Mas acredito sim, que boas lições estão por todo o tempo. Nem tudo que é antigo é pior e nem tudo que é novo é melhor.

Lembrar dos tempos em que pedalava minha Monareta nos longínquos anos das aventuras da minha infância é comemorar nossa família, nossos amigos, nossa idade, enfim, comemorar quem somos. Simples assim.


Ivan Quoos